A história de Nossa Senhora de Fátima
Vamos conhecer a história de Nossa Senhora de Fátima, entender como aconteceram suas aparições e o que ela veio pedir aos seus filhos.

A história de Nossa Senhora de Fátima é muito conhecida na Igreja Católica, mas muitas vezes esquecemos de responder aos apelos que a Mãe de Deus fez por meio de sua mensagem.
Neste texto, você verá os detalhes da história de Nossa Senhora de Fátima, acompanhando cada uma de suas aparições.
Além disso, vamos explorar qual é a posição da Igreja sobre essas aparições e entender a ligação especial entre São João Paulo II e Nossa Senhora de Fátima.
Conheça a história de Nossa Senhora de Fátima
As aparições de Nossa Senhora de Fátima aos três pastorinhos, no dia 13 de maio de 1917, foram antecedidas por três visitas do Anjo de Portugal.
O Anjo preparou as crianças, ensinando-as a rezar e pedindo que fizessem penitência, para que estivessem prontas para receber a mensagem da Virgem Maria.
Na primeira aparição da Virgem, na Cova da Iria, Nossa Senhora pediu que as crianças retornassem ao mesmo local nos meses seguintes, sempre no dia 13 e no mesmo horário.
Ela pediu que rezassem muitos terços e aceitassem os sofrimentos que Deus lhes enviasse como forma de reparação pelos pecados cometidos contra Ele.
Os pastorinhos — Lúcia, Jacinta e Francisco — aceitaram com amor os pedidos da Mãe do Céu. Em todas as aparições, Nossa Senhora reforçava a importância de rezar o terço diariamente, pedindo pela conversão dos pecadores, pela paz no mundo e pelo fim da guerra.
Logo, a notícia das aparições começou a se espalhar. Devotos e curiosos passaram a acompanhar os pastorinhos na Cova da Iria, todo dia 13 de cada mês. Apesar disso, as crianças enfrentaram muitas dificuldades.
Suas próprias famílias, o pároco da região e até o prefeito duvidavam do que haviam relatado. Eles tentavam, de todas as formas, fazer com que Lúcia, Jacinta e Francisco esquecessem o que tinham visto e deixassem de ir às aparições.
Mesmo com perseguições e ameaças, os três pastorinhos continuaram firmes em sua fé e no compromisso com Nossa Senhora.
Em uma das aparições, a Virgem lhes mostrou uma visão do inferno, revelou-lhes um segredo, ensinou uma oração especial e prometeu que, na última aparição, realizaria um grande milagre para que todos acreditassem.
E assim aconteceu. Durante a última aparição, houve o Milagre do Sol, que foi testemunhado por milhares de pessoas. Muitos se converteram e outras tantas foram curadas de suas doenças.
Os Três Pastorinhos
Jacinta Marto e Francisco Marto
Jacinta Marto nasceu em 11 de março de 1910, na pequena aldeia de Aljustrel, que fica a 2 km de Fátima, Portugal.
Desde pequena, ela ajudava seu irmão Francisco Marto, que nasceu em 11 de junho de 1908, no trabalho de pastorear o rebanho de seu pai.
Jacinta tinha apenas 7 anos e Francisco 9 quando começaram as aparições de Nossa Senhora. Apesar de serem tão jovens, as visões tiveram um impacto profundo em suas vidas.
Jacinta ficou especialmente tocada pela visão que Nossa Senhora mostrou das almas que iam para o inferno porque não tinham ninguém para rezar por elas.
Ela demonstrava grande compaixão pelos pobres e fazia sacrifícios pela conversão dos pecadores.
Como destacou o Papa:
“De modo particular, a beata Jacinta mostrava-se incansável na partilha com os pobres e no sacrifício pela conversão dos pecadores.”
Durante as aparições, Jacinta conseguia ver e ouvir Nossa Senhora. Já Francisco também via, mas não podia ouvir. Ele levou a sério o que a Virgem pediu, dedicando sua vida à contemplação e à oração. Francisco dizia que Deus parecia estar “tão triste” e queria consolá-Lo.
Nossa Senhora recomendou que ele rezasse muitos terços, e ele seguiu esse conselho fielmente. Gostava de se retirar para os montes ou ficar na igreja, diante do sacrário, para pensar em Deus e rezar.
Logo na segunda aparição, Nossa Senhora revelou aos irmãos que os levaria para o céu em breve. Apesar disso, durante o tempo que permaneceram na Terra, os dois dedicaram suas vidas aos pedidos de Maria. Rezavam muitos terços e ofereciam sacrifícios pelas almas dos pecadores.
Francisco morreu jovem, em 4 de abril de 1919, vítima da febre espanhola. Jacinta também adoeceu pela mesma enfermidade. Apesar do sofrimento, ela ofereceu suas dores pelos pecadores, pela paz no mundo e pelo Papa. Jacinta faleceu em 20 de fevereiro de 1920, em um hospital em Lisboa.
Jacinta e Francisco se tornaram as primeiras crianças que não foram mártires a serem proclamadas santas.
O Papa Francisco os canonizou em 13 de maio de 2017, exatamente 100 anos depois do início das aparições de Nossa Senhora em Fátima.
Lúcia de Jesus (Irmã Lúcia)
Lúcia de Jesus nasceu no dia 28 de março de 1907, em Aljustrel, Portugal. Ela era prima de Jacinta e Francisco, os outros dois pastorinhos de Fátima.
Quando Nossa Senhora apareceu aos três na Cova da Iria, Lúcia tinha apenas 10 anos. Entre os três, era Lúcia quem conversava com a Virgem, além de vê-la e ouvi-la.
Nossa Senhora revelou a Lúcia que ela ficaria mais tempo na Terra, enquanto seus primos iriam para o Céu em breve.
Nossa Senhora disse a Lúcia:
“Mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-Se de ti para me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração.”
Ela também pediu que Lúcia não desanimasse nos momentos de sofrimento, prometendo que seu Imaculado Coração seria um refúgio e a guiaria no caminho para Deus.
Atendendo a um pedido da Virgem, Lúcia aprendeu a ler e escrever. Ela deixou muitos relatos escritos, especialmente sobre as memórias das aparições.
Em 1921, Lúcia ingressou na Comunidade das Irmãs de Santa Doroteia.
Cerca de dez anos após fazer seus votos perpétuos, ela entrou para o Mosteiro Carmelita de Coimbra. Em 1949, após sua profissão solene, adotou o nome Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado.
Lúcia teve a alegria de presenciar a beatificação de seus primos Jacinta e Francisco Marto pelo Papa João Paulo II, em 13 de maio de 2000, na cidade de Fátima.
Depois de dedicar toda sua vida a Deus, à Igreja e à divulgação da Mensagem de Fátima, Lúcia faleceu em 13 de fevereiro de 2005, no Carmelo de Coimbra.
Como ela desejava, foi sepultada no Carmelo por um ano. Depois, seus restos mortais foram trasladados para a Basílica de Fátima, ao lado do túmulo de Jacinta.
Aparições do Anjo
Assim como o Arcanjo São Gabriel foi enviado para anunciar o nascimento de Jesus, outro anjo foi enviado para preparar os pastorinhos antes das aparições da Virgem Maria.
Depois dessas aparições, as crianças começaram a rezar mais e a fazer penitências pelos pecadores, como o anjo pediu.
A primeira aparição do anjo aconteceu na primavera de 1916, na Loca do Cabeço, em Valinhos. Esse era um lugar onde os pastorinhos costumavam brincar, rezar e se abrigar do sol e da chuva.
Segundo as memórias da Irmã Lúcia, o anjo apareceu e disse às crianças que não tivessem medo. Ele ensinou esta oração:
“Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-vos. Peço-vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam, e não vos amam.”
Depois de repetir a oração três vezes, o anjo se levantou e disse:
“Rezem assim. Os corações de Jesus e Maria estão atentos às suas súplicas.”
A segunda aparição do anjo aconteceu no verão de 1916, perto do Poço do Arneiro, no quintal da casa de Lúcia. Durante essa aparição, Lúcia perguntou ao anjo como poderiam oferecer sacrifícios.
Ele respondeu:
“De tudo o que puderem, ofereçam um sacrifício como ato de reparação pelos pecados que ofendem o Senhor […] Aceitem e suportem com paciência o sofrimento que Deus permitir.”
Aparições de Nossa Senhora
Primeira aparição: Cova da Iria, 13 de maio de 1917
Na primeira aparição, Nossa Senhora pediu aos pastorinhos que voltassem à Cova da Iria nos próximos seis meses, sempre no dia 13, no mesmo horário.
Ela também insistiu para que eles rezassem o Terço todos os dias, com o objetivo de alcançar a paz no mundo e o fim da guerra.
Nossa Senhora perguntou:
“Vocês querem oferecer-se a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar, como um ato de reparação pelos pecados que O ofendem e como súplica pela conversão dos pecadores?”
Os pastorinhos responderam:
“Sim, queremos!”
E Maria completou:
“Vocês vão sofrer muito, mas a graça de Deus será o conforto de vocês.”
Segunda aparição: Cova da Iria, 13 de junho de 1917
Na segunda aparição, Nossa Senhora pediu aos três que aprendessem a ler. Ela também revelou que, em breve, levaria Jacinta e Francisco para o céu.
Lúcia, no entanto, ficaria mais tempo na Terra para sofrer pelos pecadores e espalhar a devoção ao Imaculado Coração de Maria.
Os pastorinhos relataram o que viram:
“Diante da palma da mão direita de Nossa Senhora, havia um coração cercado por espinhos que pareciam cravados nele. Entendemos que era o Imaculado Coração de Maria, machucado pelos pecados da humanidade e que pedia reparação.”
Terceira aparição: Cova da Iria, 13 de julho de 1917
Nesta aparição, Nossa Senhora mostrou aos pastorinhos uma visão do inferno. Essa visão os deixou ainda mais motivados a rezar e oferecer sacrifícios pelas almas.
A Virgem também pediu que a Rússia fosse consagrada ao Seu Imaculado Coração e que os fiéis praticassem a comunhão reparadora nos primeiros sábados do mês.
Além disso, Nossa Senhora anunciou que faria um milagre em outubro para que mais pessoas acreditassem nas aparições.
Os pastorinhos lembraram suas palavras:
“Assustados, olhamos para Nossa Senhora como se pedíssemos ajuda. Ela nos disse com bondade e tristeza:
‘Vocês viram o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para salvá-los, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração. Se fizerem o que Eu digo, muitas almas serão salvas e haverá paz.’”
Quarta aparição: Valinhos, 19 de agosto de 1917
A quarta aparição de Nossa Senhora trouxe uma grande provação para os três pastorinhos.
Eles foram intimados pelas autoridades locais, desacreditados pelo pároco da região e submetidos a interrogatórios rigorosos.
Além disso, foram sequestrados, levados à prisão e até ameaçados de morte.
Por causa disso, no dia 13 de agosto, data marcada para a aparição na Cova da Iria, os pastorinhos não puderam comparecer porque estavam presos. Mas, mostrando seu amor e cuidado, a Virgem Maria os visitou quatro dias depois, no dia 19 de agosto, em Valinhos.
Ela veio para consolá-los e reforçar o pedido de oração.
Nossa Senhora disse:
“Quero que continueis a ir à Cova da Iria no dia 13 e que continueis a rezar o Terço todos os dias. Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, pois muitas almas vão para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas.”
Quinta aparição: Cova da Iria, 13 de setembro de 1917
Na quinta aparição, o número de pessoas que acreditavam e acompanhavam os acontecimentos já era maior.
Durante essa aparição, Maria disse aos pastorinhos que Deus estava satisfeito com os sacrifícios que eles faziam.
Ela também confirmou que, no mês seguinte, faria um grande milagre para que o povo pudesse acreditar. Nossa Senhora anunciou:
“Em outubro virá também Nosso Senhor, Nossa Senhora das Dores e do Carmo, São José com o Menino Jesus para abençoarem o mundo. Deus está contente com os vossos sacrifícios.”
Sexta aparição: Cova da Iria, 13 de outubro de 1917 — O Milagre do Sol
No dia 13 de outubro de 1917, aconteceu o milagre prometido por Nossa Senhora. Cerca de 70 mil pessoas estavam presentes na Cova da Iria, incluindo jornalistas, fotógrafos e a imprensa internacional, que foram até lá para presenciar o evento.
Depois de uma forte chuva, o milagre ocorreu e ficou conhecido como a “dança do sol”. O sol parecia girar sobre si mesmo, mudava de cor e dava a impressão de se aproximar da Terra.
Apesar de ser um fenômeno extraordinário, as pessoas conseguiram olhar diretamente para o astro sem dificuldade. Quando o milagre terminou, as roupas das pessoas, que estavam molhadas pela chuva, estavam completamente secas.
Esse acontecimento fez com que muitas pessoas presentes acreditassem e algumas fossem curadas de doenças graves.
Durante essa aparição, Nossa Senhora pediu novamente que as pessoas rezassem o terço todos os dias e fez um apelo para que Nosso Senhor não fosse mais ofendido pelos pecados da humanidade. Ela também fez um pedido especial à Lúcia:
“Quero dizer-te que façam aqui uma capela em Minha honra, que sou a Senhora do Rosário, e que continuem sempre a rezar o Terço todos os dias.”
Por fim, Lúcia relatou o que viu após Nossa Senhora desaparecer no céu:
“Desaparecida Nossa Senhora na imensa distância do firmamento, vimos, ao lado do sol, São José com o Menino e Nossa Senhora vestida de branco, com um manto azul. São José com o Menino pareciam abençoar o mundo, com os gestos que faziam com a mão em forma de cruz.”
A posição da Igreja sobre a história de Nossa Senhora de Fátima
“Fátima é, sem dúvida, a mais profética das aparições modernas.”
A Igreja reconheceu oficialmente a história de Nossa Senhora de Fátima treze anos após os acontecimentos.
Em 13 de outubro de 1930, as autoridades eclesiásticas declararam que as aparições eram “dignas de fé” e autorizaram o culto a Nossa Senhora de Fátima.
Desde então, quatro Papas já visitaram o Santuário de Fátima, localizado na Cova da Iria, onde ocorreram as aparições.
O primeiro foi o Papa Paulo VI, que peregrinou até Fátima em 1967. Depois dele, o Papa João Paulo II fez três visitas ao Santuário: em 1982, em 1991 e, finalmente, no ano 2000.
Durante essa última visita, João Paulo II participou da cerimônia de beatificação dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto, que testemunharam as aparições.
Em 2010, foi a vez do Papa Bento XVI visitar o Santuário de Fátima, reafirmando a importância do local para a Igreja e para os fiéis.
Mais recentemente, em 13 de maio de 2017, o Papa Francisco também peregrinou ao Santuário de Fátima. Além dessa visita, ele anunciou a intenção de retornar ao Santuário durante a Jornada Mundial da Juventude, que aconteceu em Lisboa em 2023.
Rosas de Ouro à Virgem Maria
O Santuário de Fátima possui três Rosas de Ouro oferecidas pelos Papas. Cada uma delas está ligada à história de Nossa Senhora de Fátima.
A Rosa de Ouro é um símbolo especial enviado pelos Papas como um gesto de honra e reconhecimento.
- A primeira Rosa de Ouro foi entregue ao Santuário de Fátima em 1965, pelo Papa Paulo VI. Ele explicou que essa rosa simbolizava o carinho especial que ele tinha pela nação portuguesa e era também um sinal da sua devoção ao Santuário de Fátima.
- A segunda Rosa de Ouro foi oferecida pelo Papa Bento XVI, em reconhecimento às graças que Nossa Senhora concede aos peregrinos que visitam Fátima.
- A terceira Rosa de Ouro foi concedida pelo Papa Francisco, em 2017, durante a canonização dos pastorinhos Francisco e Jacinta.
João Paulo II e Nossa Senhora de Fátima
Desde pequeno, Karol Wojtyla — mais tarde conhecido como São João Paulo II — sempre teve uma grande devoção à Nossa Senhora.
Um dos livros que mais marcou sua vida foi o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, escrito por São Luís Maria Grignion de Montfort.
Inclusive, o lema de seu pontificado foi “Totus Tuus Mariae”, que significa “Todo de Maria”.
A ligação entre João Paulo II e Nossa Senhora de Fátima ficou ainda mais evidente após o atentado que ele sofreu no dia 13 de maio de 1981, exatamente no mesmo dia em que, em 1917, começaram as aparições de Nossa Senhora de Fátima.
No ano seguinte, em 1982, João Paulo II visitou o Santuário de Fátima.
Lá, ele disse:
“Há muito tempo eu queria vir a Fátima, mas, depois do atentado na Praça de São Pedro, meu pensamento se voltou imediatamente para este santuário. Vim aqui para depositar no coração da Mãe Celeste meu agradecimento. Vi, em tudo o que aconteceu, uma proteção especial da Virgem Maria.”
O Papa acreditava firmemente que foi salvo pela intercessão de Nossa Senhora. Ele dizia que foi “uma mão materna” que desviou a trajetória da bala, impedindo que ele morresse.
Como forma de agradecimento, em 1984, João Paulo II ofereceu ao Santuário de Fátima a bala que o atingiu, que foi colocada na coroa da imagem de Nossa Senhora de Fátima.
Até o fim de sua vida, João Paulo II permaneceu totalmente dedicado à Virgem Maria e aos seus pedidos. Ele entregava a Maria suas preocupações com o mundo e as ideologias que ameaçavam a fé cristã.
Ele acreditava que a maternidade de Maria era uma:
“âncora segura para a salvação de toda a humanidade”.
Os pedidos de Nossa Senhora de Fátima continuam atuais. Eles nos convidam a rezar o terço todos os dias pelos pecadores e a fazer penitência, reparando os Corações de Jesus e Maria. Que também possamos nos inspirar nos pastorinhos de Fátima, que enfrentaram tantos sofrimentos com amor e fé, e hoje estão na alegria eterna do céu.
- Reze a Novena a Nossa Senhora de Fátima e atenda ao chamado da Mãe de Deus.