Papa Francisco Quer data fixa para a Páscoa
Nova Ruptura Milenar Judaica
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alojacatolica
- 28/01/2025
- 23:14

No dia 26 de janeiro de 2025, durante um encontro ecumênico em Roma, Itália, o Papa Francisco anunciou que a Igreja Católica está disposta a dialogar sobre a possibilidade de fixar uma data permanente para a celebração da Páscoa.
O objetivo é promover a unidade entre as diversas tradições cristãs, como católicos, ortodoxos e protestantes, superando as diferenças causadas pelos calendários litúrgicos.
Atualmente, a Páscoa é celebrada em datas diferentes ao redor do mundo devido à utilização do calendário gregoriano por católicos e a maioria dos protestantes, e do calendário juliano pelas Igrejas Ortodoxas.
Além disso, o cálculo da data da Páscoa está historicamente vinculado à observância da lua cheia e ao calendário judaico que remonta os tempos em que os hebreus ainda eram liderados por Moisés.
O Papa destacou que um consenso sobre uma data fixa representaria um marco significativo para fortalecer os laços entre as comunidades cristãs e facilitar a organização das celebrações religiosas. Entretanto, alcançar esse acordo não é tarefa simples, devido aos desafios que envolvem questões teológicas, culturais e organizacionais.
Entretanto, essa decisão seria mais uma grande ruptura com o antigo testamento e com a história do povo de Israel ungido por Deus.
Conflito Antigo da Páscoa Judaica Cristã
O conflito relacionado à data da Páscoa entre cristãos e judeus remonta aos primeiros séculos do cristianismo e está ligado à relação entre a Páscoa judaica (Pessach) e a celebração da ressurreição de Cristo, que está profundamente conectada aos eventos da Semana Santa, especialmente a Última Ceia.

Páscoa: Origem do conflito
A Páscoa cristã tem sua raiz na Páscoa judaica, já que, de acordo com os Evangelhos, a morte e ressurreição de Jesus ocorreram durante o período em que os judeus celebravam o Pessach.
Essa festa judaica comemora a libertação dos israelitas do Egito e acontece no dia 14 do mês de Nisã, segundo o calendário hebraico, que é lunar.
No entanto, com o passar do tempo, os cristãos começaram a celebrar a Páscoa de forma independente, não apenas como um marco histórico da morte de Cristo, mas como uma celebração de sua ressurreição, que ocorre no domingo.
Para evitar a coincidência direta com a Páscoa judaica, o cristianismo primitivo estabeleceu seu próprio cálculo da data.
O Primeiro Conflito: O Cisma Quartodecimano da Páscoa
No século II, surgiu o chamado “cisma quartodecimano”, envolvendo comunidades cristãs na Ásia Menor.
Os quartodecimanos celebravam a Páscoa no dia 14 de Nisã, em sincronia com a Páscoa judaica, independentemente do dia da semana, em respeito às tradições judaicas.
Outras comunidades, porém, seguiam uma prática diferente: celebravam a Páscoa no domingo seguinte ao 14 de Nisã, simbolizando a ressurreição de Cristo.
O conflito foi resolvido no Concílio de Nicéia (325 d.C.), quando a Igreja decidiu que a Páscoa cristã seria celebrada no primeiro domingo após a lua cheia que ocorre depois do equinócio de primavera, desvinculando-se oficialmente do calendário judaico.
Conflito teológico e simbólico
Para muitos judeus, essa desvinculação histórica foi percebida como uma tentativa de distanciar o cristianismo de suas raízes judaicas.
Fixar uma data específica para a Páscoa sem considerar a conexão com o Pessach pode ser visto por algumas comunidades judaicas como mais um afastamento da origem comum das duas religiões.
Além disso, algumas tradições cristãs interpretaram a Páscoa como o cumprimento da Páscoa judaica, o que pode gerar atritos em contextos inter-religiosos, pois implica a ideia de que o judaísmo foi “superado” pelo cristianismo.
Lembrando que os primeiros cristãos eram judeus e orientais, e a mudança ocorreu por influência da Nova Religião Romana que abandonou os antigos deuses e abraçaram o Cristianismo, criando uma nova forma de ver e praticar a fé em cristo, cortando laços judaicos afim de liderar e imperar o governo da igreja cristã no mundo como a única, primeira e verdadeira igreja de cristo na terra.
Nova Rejeição Herança Judaica
Hoje, embora os judeus celebrem o Pessach e os cristãos a Páscoa, ambos frequentemente acontecem em períodos próximos, refletindo suas raízes comuns.
Contudo, a fixação de uma data permanente para a Páscoa cristã pode representar um novo distanciamento simbólico do calendário judaico, gerando desconforto em alguns segmentos da comunidade judaica, especialmente por ignorar a importância histórica e espiritual do vínculo entre as duas celebrações.
Para minimizar possíveis tensões, é fundamental que o diálogo inter-religioso seja mantido, reconhecendo as origens comuns e respeitando as tradições de ambas as religiões.
A decisão de estabelecer uma data fixa para a Páscoa pode, por um lado, reforçar a unidade entre cristãos, mas, por outro, será importante considerar a perspectiva judaica e a relevância do Pessach para evitar novos conflitos teológicos ou culturais.
O rompimento com a data judaica da Páscoa, ocorrido historicamente quando o cristianismo desvinculou sua celebração da Páscoa judaica (Pessach), teve impactos significativos que transcenderam os aspectos teológicos, afetando também as relações culturais, históricas e inter-religiosas entre cristãos e judeus.
Esse afastamento é visto como um marco de diferenciação entre as duas religiões, com implicações que ressoam até hoje.