Os Santos Anjos da Guarda
A devoção aos Santos Anjos da Guarda é uma prática profundamente enraizada na vida cristã, presente desde o nascimento.
Desde cedo, a família reza ao Anjo da Guarda pela proteção da criança, utilizando orações como:
“Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, guarda, governa e ilumina. Amém.”
Essa oração, tradicional e amplamente conhecida, foi escrita pelo monge beneditino Reginaldo da Cantuária.
Bases Bíblicas e Doutrinárias dos Anjos
Baseada nas Sagradas Escrituras, a devoção ao Anjo da Guarda é promovida pela Igreja e encontra respaldo em sua doutrina.
O Catecismo da Igreja Católica ensina sobre a assistência e a intercessão desses mensageiros celestes:
“Cada fiel tem ao seu lado um anjo como protetor e pastor para o guiar na vida. Desde este mundo, a vida cristã participa, pela fé, na sociedade bem-aventurada dos anjos e dos homens, unidos em Deus” (Catecismo, 336).
Antes mesmo de haver uma formulação dogmática, os Padres da Igreja, como Tertuliano, Santo Agostinho, Santo Ambrósio, São João Crisóstomo, São Jerônimo e São Gregório de Nisa, já defendiam a existência dos Anjos da Guarda.
No Concílio de Trento (1545-1563), foi oficialmente declarado que cada ser humano possui um Anjo da Guarda individual.
A Presença Constante do Anjo da Guarda
Os Anjos da Guarda estão ao nosso lado desde o nascimento até a morte, acompanhando-nos em todos os momentos da vida, especialmente para aqueles que vivem na graça de Deus.
Essa presença espiritual marcou profundamente figuras importantes da Igreja, como os papas Pio XI e João XXIII.
Papa Pio XI expressava grande devoção ao seu Anjo da Guarda, afirmando:
“Recito a oração ao Anjo da Guarda pelo menos cinco vezes por dia e muitas vezes converso espiritualmente com ele, sempre com calma e paz.”
Papa João XXIII, em seu breve pontificado, mencionou pelo menos quarenta vezes a importância dessa devoção, incentivando os fiéis:
“Uma coisa é certa: todos e cada um de nós estamos confiados aos cuidados de um Anjo. Disso deriva a viva devoção que todos devemos ter pelo nosso Anjo da Guarda. Devemos repetir com frequência e confiança a oração que nos foi ensinada em nossa infância.”
A Missão dos Santos Anjos da Guarda
A função principal do Anjo da Guarda não se limita à proteção física. Ele nos livra da morte eterna, guia-nos para Deus e protege-nos dos males espirituais.
Sua missão é nos conduzir pelo caminho da salvação, para alcançarmos a eternidade no paraíso.
A devoção aos Anjos da Guarda ganhou maior destaque no século XVII, quando o Papa Paulo V inseriu sua festa no calendário litúrgico da Igreja. Desde então, sua presença se intensificou na arte sacra, retratando-os, muitas vezes, protegendo crianças de perigos físicos.
Contudo, é essencial compreender que seu propósito principal é espiritual: interceder por nós diante de Deus e nos auxiliar em momentos de tentação.
Orações e Devoção Prática
Além da conhecida oração infantil, há diversas outras formas de se dirigir ao Anjo da Guarda. Podemos rezar com palavras espontâneas, sinceras, que brotam do coração. Uma oração especial é:
“Santo Anjo da Guarda, meu poderoso protetor, guardai-me sempre na paz de vosso amor. Dos perigos, livrai-me; do mal, libertai-me; e nos momentos de angústia, consolai-me! Durante o sono, velai sobre o meu descanso, não deixais o mal de mim se aproximar. Sob as asas do seu amor, possa meus sonhos habitar!
Nesta noite de luz, afugentai as trevas do medo, afastai também as tentações, para que minha alma tranquila descanse sem aflições. E que no alvorecer de um novo dia, eu acorde feliz e restaurado, e seja para o mundo testemunha de ser sempre por vós amado! Amém.”
Assim, a devoção aos Santos Anjos da Guarda continua a inspirar confiança, fé e proximidade com Deus, assegurando aos fiéis uma caminhada espiritual protegida e guiada rumo à salvação.
